A liderança da gangue dos Gramercy Riffs em Nova York estabeleceu regras rígidas: sem armas, sem grupos maiores que oito e uma busca pela paz. Enquanto os Warriors, composto por oito membros, debatem sobre a iminência de um conflito, suas mentes giram em busca de soluções. A cena oscila entre a atualidade geográfica dos anos setenta e uma visão futurista, com uma trilha sonora pulsante de batidas eletrônicas. De repente uma figura messiânica surge durante uma reunião, Cyrus (Roger Hill), defensor de uma cidade sem conflitos, é interrompido por um tiro. Olhares se encontram e corpos se movem em pânico. Os Warriors são injustamente acusados do crime, desencadeando uma luta pela sobrevivência enquanto tentam retornar ao seu território, onde a sua base em meio ao parque de diversões brilha como um farol na escuridão. A geografia da cidade tornou-se um campo de guerra, a rádio exclama micro informações sobre as rotas de fuga dos Warriors, enquanto seus punhos são suas únicas armas de combate.
Baseado na escrita adaptada de David Shaber e Walter Hill, e dirigido por Walter Hill, o filme narra a história de um grupo de jovens adultos reunidos como uma gangue para uma trégua regional em Nova Iorque. A história se desenvolve por meio de uma noite, no qual seu território mais pacifico são as portas fechadas do metrô.
Entre uma variedade de filmes de ação, The Warriors (1979) se destaca como a obra mais sensível de Walter Hill e uma peça referencial para futuras produções do gênero. Apesar de não ter obtido sucesso de público ou crítica na época de seu lançamento, ao longo dos anos tornou-se um clássico dentro do universo do cinema de ação. O prólogo da história exemplifica essa trajetória, apresentando um grupo de pessoas injustamente perseguidos por um assassinato. No entanto, ao invés de serem levados ao destino óbvio da morte, conseguem escapar. Em apenas dois minutos de filme, somos imersos na narrativa e cativados pela proposta de sobrevivência. Embora o filme possa parecer exagerado em sua abordagem de gêneros como romance, drama e ação, todos esses elementos, sob o olhar do diretor, contribuem para uma elevação intensa, transformando as fugas e cenas de ação em símbolos universais e diálogos com rostos em processo de amadurecimento. Seus difíceis momentos de decisão exibem essa ausência de uma figura de comando, onde muitas vezes são guiadas por impulso, mesmo que tenham armas na rua que clamam por suas mortes.
A estética de The Warriors se revela por meio de uma fusão de elementos dos quadrinhos, mangás e até mesmo dos videogames limitados da época. A cada novo cenário sombrio de Nova York, o diretor habilmente utiliza esse ambiente desolado, onde os personagens são os únicos a ocupar as ruas, destacando-se como guerreiros em busca da sobrevivência. Seus traços distintivos, com cores vibrantes, contrastam com a escuridão melancólica da cidade, que já não oferece o conforto de um espaço seguro, ressignificando o local como um altar para o conflito entre seres em crise. Apesar da uniformidade visual, os Warriors não são retratados como simples soldados; desde os primeiros momentos, são delineadas características individuais que revelam suas personalidades, uma façanha alcançada graças à insegurança e à coragem demonstradas pelos membros ao longo da jornada. Além disso, uma vulnerabilidade masculina que não era bem vista na época, principalmente pelo contexto social da época, em vez de corpos masculinos com grandes armas, os indivíduos do grupo andam com seus punhos, mas também exibem um instinto de inteligência para abdicar dos seus egos e aproximar um desfecho que todos estejam bem no final.
Até chegarem em casa após o assassinato de Cyrus, os Warriors sofrem duas perdas: um dos companheiros é morto por um policial e outro é preso. É interessante observar como esse elemento de controle do estado persiste em evitar qualquer forma de diálogo, optando por agir por impulso ou violência, ao contrário das gangues rivais que se enfrentam. À medida que a noite se despede e o sol desponta na tela, os Warriors se preparam para sua última batalha. Enquanto os verdadeiros assassinos se aproximam pela praia, eles aguardam, empunhando suas armas improvisadas de madeira, ferro ou faca. A mesma arma que tirou a vida de Cyrus é agora apontada para o líder dos Warriors, Swan. No entanto, em vez de ceder ao medo, Swan reage com destreza, lançando uma faca no pulso do adversário de maneira quase teatral, deixando-o incapaz de se mover. Seus gritos ecoam pela praia enquanto a maior gangue de Nova York se aproxima. O líder atual dos gangues elogia-os, e Swan proclama com firmeza: "Os melhores".
Esta é uma obra que apresenta uma variedade dos elementos estético e temáticas, desde a representação dos corpos até a transmissão dos gestos românticos permeados por medo, além do retrato do abandono enfrentado por esses jovens em um ambiente corrompido, encerrando com um último registro na praia, eles andam de costas para a câmera enquanto a câmera captar seu maior símbolo, Os Warriors.
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